
Conforme elucida Aroldo Fernandes da Luz, o termo “compliance” vem do verbo em inglês to comply, que significa estar em conformidade. No contexto corporativo, compliance refere-se ao conjunto de práticas e políticas adotadas por uma organização para garantir que suas atividades estejam alinhadas com a legislação vigente, regulamentos do setor, padrões éticos e normas internas.
Sua importância tem crescido exponencialmente nos últimos anos, especialmente diante de escândalos de corrupção, fraudes e má gestão que abalaram grandes empresas no cenário nacional e internacional. O compliance não é apenas um mecanismo de defesa legal, mas também uma ferramenta estratégica para fortalecer a governança, a reputação e a sustentabilidade do negócio.
Quais são os pilares fundamentais de um programa de compliance eficaz?
Um programa de compliance eficiente deve ser estruturado com base em pilares sólidos que sustentem sua efetividade. Entre eles, destacam-se: o comprometimento da alta liderança (o chamado “tom vindo do topo”), a análise e gestão de riscos, a criação de um código de conduta claro, a realização de treinamentos contínuos, os canais de denúncia seguros e eficazes, o monitoramento constante e a aplicação de medidas disciplinares quando necessário.
Segundo Aroldo Fernandes da Luz, ao mapear processos, identificar vulnerabilidades e estabelecer mecanismos de controle, o compliance atua de forma preventiva, evitando que irregularidades ocorram ou que pequenos desvios se tornem grandes problemas. Além disso, promove uma cultura organizacional baseada em valores éticos e na responsabilidade, o que naturalmente inibe comportamentos oportunistas ou antiéticos.
Como a cultura organizacional influencia a efetividade do compliance?
Nenhum programa de compliance terá sucesso se não estiver enraizado na cultura da empresa. Isso significa que todos os colaboradores, independentemente do nível hierárquico, devem compreender e praticar os princípios éticos esperados. A cultura organizacional é moldada pelas atitudes dos líderes, pela coerência entre discurso e prática e pela forma como as regras são aplicadas no dia a dia.

Aroldo Fernandes da Luz
Aroldo Fernandes da Luz explica que uma cultura permissiva com desvios, onde as regras são vistas como “para inglês ver”, mina qualquer esforço de conformidade. Já uma cultura de integridade fortalece o compliance como uma ferramenta de gestão, capaz de influenciar decisões estratégicas e operacionais de maneira positiva e sustentável.
Quais são os principais desafios para implementar um programa de compliance?
Apesar da crescente conscientização sobre a importância do compliance, sua implementação ainda enfrenta diversos obstáculos, pontua Aroldo Fernandes da Luz. Entre os principais desafios estão a resistência cultural, a falta de recursos, a ausência de apoio da liderança e a dificuldade de adaptar as diretrizes às particularidades de cada setor.
Muitas empresas enxergam o compliance como um custo ou uma burocracia adicional, e não como um investimento em governança e reputação. Superar esses obstáculos exige um trabalho contínuo de educação, comunicação e demonstração de resultados práticos. Programas bem-sucedidos são aqueles que conseguem se tornar parte do DNA da organização, com participação ativa de todos os colaboradores.
Em conclusão, o futuro do compliance é cada vez mais tecnológico, estratégico e integrado. Para Aroldo Fernandes da Luz, com o avanço da transformação digital, ferramentas de análise de dados, inteligência artificial e automação já estão sendo utilizadas para identificar comportamentos de risco e padrões suspeitos em tempo real. Ademais, espera-se que o compliance assuma um papel ainda mais relevante na agenda ESG (ambiental, social e de governança), contribuindo para práticas empresariais mais transparentes e éticas.
Autor: Alexey Orlov